Sindicatos e representantes empresariais italianos assinaram um acordo para proteger os trabalhadores em todo o país da disseminação do coronavírus, em uma tentativa de manter pelo menos parte da produção em funcionamento.
“É um objetivo primordial combinar a continuidade das atividades produtivas com a garantia das condições de saúde e segurança no local de trabalho e métodos de trabalho”, segundo um decreto que anuncia as medidas.
O acordo contempla atividades que incluem o acesso às empresas por parte dos trabalhadores e fornecedores, higiene pessoal, equipamentos de proteção, gestão de áreas comuns e turnos de trabalho, viagens, reuniões e níveis de produção. Prevê uma suspensão temporária da produção para melhorar as proteções.
O acordo foi elaborado em uma sessão da noite para o dia entre líderes trabalhistas e empresariais e o governo, disse Annamaria Furlan, secretária-geral do sindicato CISL, em comunicado. Os outros dois principais sindicatos da Itália, CGIL e UIL, também assinaram o acordo.
“Foi uma longa noite de discussão, mas no final prevaleceu um senso de responsabilidade comum e unidade positiva que nos levará a adotar todas essas soluções extraordinárias e urgentes”, disse Furlan.
A Itália tem o segundo maior número de casos diagnosticados de coronavírus do mundo, com mais de 15.000 infecções conhecidas e mais de 1.000 mortes. O primeiro-ministro Giuseppe Conte declarou um bloqueio nacional em 9 de março, tornando a Itália o primeiro país a implementar tal medida.
O primeiro-ministro disse no sábado que as partes chegaram a um acordo sobre as proteções dos trabalhadores “após 18 horas de discussão longa e completa”.
O acordo ocorre quando a fabricante de supercarros Ferrari interrompeu toda a produção na Itália até 27 de março, segundo pessoas com conhecimento do assunto.
Os novos protocolos “devem agora ser implementados em todas as empresas e em todos os locais de trabalho” para conter a propagação do coronavírus e proteger a saúde e segurança dos trabalhadores “usando também um período de suspensão da produção e das atividades”, disse Furlan.
O gabinete de Conte se reunirá no sábado ou no domingo para discutir medidas, incluindo uma moratória em alguns pagamentos de hipotecas, apoio a trabalhadores que enfrentam demissões temporárias e 200 milhões de euros (US$ 222 milhões) para o setor aéreo, incluindo a Alitalia SpA, segundo reportagens da imprensa. No início desta semana, o governo disse que está pronto para gastar até 25 bilhões de euros em medidas de estímulo para proteger a economia do surto de coronavírus.
Horário da postagem: 22 de março de 2020